Belém do Pará
Para os que não sabem, sou gaúcha e numa dessas minhas empreitadas para o exterior, dizendo que era brasileira, mais de uma vez me questionavam alguns pontos chave do nosso país. O que mais me martelava era sempre a mesma pergunta, de como era o Norte do Brasil, o rio Amazonas, a Amazônia etc. Era complicado responder que eu vivia exatamente na outra extremidade, e que não fazia menor noção de como era. A partir daí resolvi investigar melhor meu próprio país. Em razão até de conhecer capitais em diversos países e não conhecer a do meu.
Belém é a metrópole localizada mais ao norte do Brasil, possuindo também a segunda maior densidade demográfica da Região.
Em seus quase 400 anos de história, Belém vivenciou momentos de plenitude, entre os quais o período áureo da borracha, no início do século XX, quando o município recebeu inúmeras famílias europeias, que influenciaram grandemente a arquitetura das edificações locais, ficando conhecida na época como Paris n’América. Hoje, apesar de ser cosmopolita e moderna em vários aspectos, Belém não perdeu o ar tradicional das fachadas dos casarões, das igrejas e capelas do período colonial.
Conta com importantes monumentos, parques e museus, como o Theatro da Paz, o Museu Paraense Emílio Goeldi, o parque Mangal das Garças, o mercado do Ver-o-Peso, e eventos de grande repercussão, como o Círio de Nazaré.
Belém também é conhecida como cidade das Mangueiras, por todas as ruas há pé de mangueira, e quando cai um do céu, não se surpreenda, é normal. Contam que a maioria dos carros possuem batida das mangas e já houve gente morta por uma mangada na cabeça.
Fui visitar um amigo e quando cheguei a sua casa me surpreendi com duas coisas. Primeiro havia somente o registro de água fria na ducha, até parei para questionar onde ficava a água quente, ou o próprio chuveiro elétrico, mas depois que ele riu eu entendi. Tive que aprender a tomar banho gelado. E em segundo lugar era seu pai que dormia em uma rede todas as noites.
A brisa de Belém era maravilhosa em abril, bastou abrir as janelas à noite que se dormia perfeitamente. O clima é bem úmido, mas digamos que suportável. Quando saímos para passear fizemos tudo em bicicleta, até por razão de ser um feriado, o trânsito estava bem seguro.
Iniciamos pelo Complexo Turístico ver-o-rio, após uma breve passagem fomos para a Estação das Docas onde estacionamos nossas bikes.
Um ambiente maravilhoso, histórico, com bares, lojas e restaurantes, similar a um Puerto Madeiro com o aproveitamento do inativo cais. As antigas gruas ainda estão por lá e dão um ar muito gracioso ao ambiente. Perfeito para se sentar no fim de tarde e curtir o por do sol. Uma maravilhosa dica é ir no bar da Amazon Beer, uma cervejaria artesanal, local e premiada, que utiliza o sabor de frutas amazônicas na produção de diversos estilos de cerveja.
Próximo dali fomos caminhando até o Mercado Ver o Peso. Pausa. Devo dizer que foi um dos mercados mais surpreendentes que eu estive em toda minha vida. De verdade. Porque ali você encontra tudo, tudo mesmo. Vendiam todas modalidades de açaí, entre outras frutas amazônicas, de castanhas do Pará (ainda na castanha e/ou cruas), animais dos mais inusitados, e o mais legal de tudo: os cheiros. Quase ganhei um cheiro para “amarrar um homem”, mas preferi esperar do destino, rsrs.
Como o mercado está aterrado em uma área que era formada pela foz de um igarapé, na época de cheia do rio, a água invade a praça do relógio e cenas inusitadas como esta se vê por lá.
Recolhemos as bikes e continuamos até a Catedral Metropolitana. Ao lado encontra-se o Museu da Casa das Onze Janelas, com belos jardins, e o Complexo Feliz Lusitânia.
Continuamos nosso roteiro pela R. Siqueira Mendes com varias casinhas históricas e R. Dr. Assis com o Palacete Pinho tombado pelo IPHAN.
Ao fim nos encaminhamos ao Parque Mangal das Garças, com entrada franca, apresenta uma torre panorâmica, chamada Farol de Belém. A partir do pavilhão central, numa elevação que avança sobre a vegetação nativa e dá acesso a uma passarela de 100 metros sobre a várzea, permitindo uma vista ampla do rio Guamá e do centro histórico de Belém. Além desses pontos há o viveiro de aves, orquidário, borboletário.
Pode se observar vários animais típicos como iguanas soltas e as próprias garças.
Terminamos nosso tour comendo um bom açaí no “Point do Açai” na Rua Veiga Cabral. Meu prato veio acompanhado de carne seca e adorei comer o açaí com a farinha de tapioca em grãos típico deles. Minha bebida foi uma CERPA, cerveja típica do paraenses.
À noite fomos a Icoaraci, um bairro de Belém, onde se encontram as cerâmicas marajoaras. A noite na orla de Icoaraci é bem agradável com barzinhos a beira do rio, uma maravilhosa brisa e uma incrível vista.
No dia seguinte fomos a Mosqueiro, praia de água doce do qual os naturais de Belém frequentam. Era época de cheias e a tradição dizia que devíamos sentir 3 ondas respingar em nós para fazermos um pedido.
Resumindo: tudo, absolutamente tudo, foi muito novo para mim. E quem me conhece sabe que adoro girar esse mundo. A dica fica para reservarmos um pouquinho mais do nosso tempo para conhecermos melhor nosso Brasil e as diversas culturas, que nos transforma nesse país cheio de riquezas!