Relato Brasil Ride Bahia 2021

Eu resisti, mas resolvi escrever sobre minha experiência no Brasil Ride Bahia 2021, como uma mountain biker. É engraçado descrever como vem sendo minha vida “pós ”-pandemia. Digamos que ela findou e recomeçou. Eu tenho certeza que não sou mais a mesma pessoa. E explicar isso seria outra história, mas resumidamente eu reconstruí o ligamento colateral anterior do joelho esquerdo (LCA), pela segunda vez, em janeiro de 2020, no mesmo ano perdi minha mãe, e logo em seguida perdi meu pai. O joelho me fez migrar da corrida para o ciclismo e esse processo de perdas me fez talvez também me reestruturar uma nova pessoa.

Então o MTB se iniciou quando? Digamos que eu já vinha praticando ciclismo de estrada para preservar a folga que eu tinha no meu joelho, a MTB se iniciou pouco mais de um ano antes da prova, e o objetivo nunca foi o Brasil Ride, pois ele surgiu do acaso. Alguns diriam: ninguém com apenas um ano de MTB realizaria um endurance como o Brasil Ride, talvez eu concorde, mas de endurance eu possuo um outro currículo, o necessário nesse meio tempo era adquirir técnica para poder enfrentar a prova. Sim, um ano de pura técnica. Já realizei outras provas de ultramaratona de corrida como a CCC do UTMB com 101km, alguns La Mision na Argentina com 110km, Patagônia Run com 110km, Transgrancanaria com 84km, entre varias provas, até outra de etapas dormindo em barracas como a half Marathon des Sables (prova de suficiência).

Mas o que ocorreu, na realidade é que eu vinha me preparando para uma corrida de aventura, então a mountain bike e o trail se uniram, infelizmente a CA não saiu como o esperado, e num momento de tristeza eu recebo a ligação da Ada Pires. Ela me telefona se apresentando e me convidando para ser dupla dela no Brasil Ride. Não, nós não nos conhecíamos, era setembro, apenas dois meses antes da prova, ela tinha recebido meu contato por uma amiga em comum que citou meu interesse em fazer a prova, detalhe que eu nunca teria imaginado receber um convite assim, eu ainda resisti dizendo que não haveria mais inscrição, e ela responde dizendo que ela teria a vaga. Pedi uns dias, para estudar e planejar, eu teria que entender se seria possível aquela ideia.

Eu resolvi arriscar, e aceitei a proposta, fiquei sabendo de um apoio do banco Santander, depois de alguma luta, eu consegui o apoio do banco na inscrição. Seria muito estranho dizer que as coisas se encaixaram em tanta sincronia, que seria piada dizer que era destino. Às vezes bravejamos tanto para certos acontecimentos, parecia que a Brasil Ride vinha me convidando.

Hora de embarcar e conhecer minha dupla, juro que bateu um nervosismo em talvez nada dar certo, ou pelo relacionamento, ou por mentes fortes, ou mesmo por treinamentos diferenciados. Mas o que ocorreu foi que a Ada me acolheu como uma mãe. Quando ela me disse que tinha 53 anos e uma filha da minha idade, eu sabia que daria certo. (pausa para dizer que eu quero chegar aos 53 assim também).

Um dia antes do prólogo, nos fardamos, fomos buscar nosso kit e largamos para fazer o reconhecimento. Cheguei na escadaria, e aqueles degraus me davam um baita frio na barriga, lá encontramos um casal, o Halysson e a Renata, tive mais confiança vendo ela descer, e me senti muito mais confortável com as instruções do Halysson. Eles nos convidaram para acompanha-los no reconhecimento, e com as orientações do Halysson, todo XCO saiu de maneira bem bacana. Então, não tenho muita novidade para contar, nosso XCO saiu tão bonito, tão encaixado, que na hora da adrenalina tudo foi super bem, impressionante, eu morrendo de medo das escadas, eu desci com uma vontade aos gritos da torcida de Ada! Não tem como mentir, a Bahia tem uma energia diferenciada, e a Ada ainda sendo local, tinha um fã clube acompanhando ela inicio a fim.

Então até parecia verdade tudo aquilo que falavam da prova, `O’ Brasil Ride. Eu porque sou uma pateta, mas estava cheio de “celebridades”, inclusive o Rodrigo Hilbert, parceiro de gate B, todo dia largava do meu lado, perdão meninas. Antes de dizer que eu não reconheço ninguém, eu reconheci todos os fotógrafos E estava recheado dos top, em especial meus favoritos que não cansam de me encontrar por essas provas, Wladmir Togumi, Ney Evangelista e o Gabriel Tarso.

Diferente do 1º dia, o segundo stage para mim foi a etapa mais difícil. Deslocamento para Guaratinga, com 132 km, que com o avançar da etapa se complicava por estar subindo a serra, essa que se apresentou etapa com mais desistências. O calor do dia foi muito forte, o que causou desidratação em muitas pessoas, inclusive na minha dupla, o combinado era terminarmos as etapas, mesmo que durasse o tempo máximo diante de algum problema. A estratégia então foi manter a calma, parando em diversos pontos para nos hidratar, recordo que era próximo ao meio-dia e quem estava já tonteando era eu pelo sol fortíssimo, garmin marcava mais de 45 ºC. Paramos em um reservatório de agua que já tinha se tornado um ponto de encontro, a Magdalena da Alta Performance estava ali e me ensinou até onde tomar uma ducha para colocar a alma de volta ao corpo. Magdalena estava sem sua dupla e se uniu a nós na empreitada, e que empreitada, inclusive com transito de vacas. Superada essa etapa, chegamos a Vila Brasil Ride, o local que nos abrigaria pelos próximos 3 dias, com uma infra completa, projetado com containers preparados com duchas e banheiros, sempre limpos, mais uma estrutura com área comum supridas de tomadas com um salão onde ocorriam as refeições e premiações.

Vou ser honesta que essa é a parte que eu mais gosto nas provas de Stages, a comunidade que se cria. Abre oportunidade para você fazer amizades, conhecer as pessoas, estar perto até dos ídolos. Poder conversar, trocar experiências. Inclusive conseguir um bepantol emprestado após dias de selim e bumbum assado. Eu cheguei nessa prova como uma total desconhecida e saí com muitas amizades, acredito que esse seja um dos maiores ganhos.

Os outros dias de Vila continuaram fantásticos, após nossa luta no 2º Stage, nosso 3º Stage novamente fluiu de maneira maravilhosa, etapa com a subida das sete voltas, veio acompanhada na sequencia de chuva para a descida ficar repleta de lama. Eu e a Ada concordamos que pedalar na chuva foi maravilhoso, nossa corrente e grupo que não gostaram, acredito que nosso mecânico Bustamante também não. Notei que a bike começou a sentir o desgaste e começar a se deteriorar a partir desta etapa. Mas novamente concluímos muito bem, mantendo a 4ª colocação geral e 3ª do American Woman.

Quarto Stage, ou Etapa Rainha, como chamam, foi uma das etapas mais eletrizantes. Quando iniciamos a subida do Cariri, iniciei a subida me sentindo super bem e conseguindo zerar todos os trechos, mas não encontrei mais a Ada. Parei e vi o Gabriel Tarso procurando seu celular perdido pela trilha, logo me disseram que Ada estava um pouco mais abaixo ajustando a roda pois dois raios haviam quebrado. A  subida do Cariri parecia não ter fim, no topo parei em uma nascente abasteci as caramanholas e de quebra tomei um banho em uma cachoeira, realmente um visual incrível, paisagem belíssima, a subida vencia dois vales, e na transposição de um vale ao outro se via uma outra cachoeira enorme lindíssima.

Ainda ali estávamos mantendo nossa posição, até que no final da descida do Cariri o pneu de Ada destalona, a válvula escapa e as duas pangarés se olharam num ar de: e agora. Conseguimos gastar tudo o que tínhamos: gup, co2, e nada resolveu, numa luta ate trocar a câmara e encher na bomba mesmo, outras duas duplas femininas nos passaram. Não estávamos muito longe do final da etapa, teríamos que nos esforçar para recuperar, e então se iniciou uma perseguição que até foi bacana de se ver, recuperamos uma dupla nos km finais e ficamos 3 minutos apenas da outra, sempre revezando na perseguição, assustando um bando de homens com as gritarias. Depois de acabar com nosso kit reparos e roda de Ada coitada se desmontando, ainda conseguimos manter nossa classificação geral. Eu recordo que tive duas vezes minhas pastilhas de freio trocadas, então comecei a entender que um dos gastos da conta Brasil Ride, era com a manutenção das pobres bikes que apanhavam demais.

Quinto Stage, retorno de Guaratinga para Arraial, despedida da Vila e voltar para a civilização. Chega um momento que você já quer dormir em uma cama, ter um sinal de celular, beber uma boa cerveja. A volta parecia ser talvez até mais difícil que a ida, mas o corpo já tinha acostumado tanto com a martelada, que acredito que nossa volta foi bem mais tranquila, regulando pace para não quebrar, nos manter, pegamos pequenas pancadas de chuva, encontramos diversas vezes Mario Roma com o Tiago Ferreira brincando com os âncoras da etapa, mas concluímos novamente dentro do esperado. Ate aí, tinham sido as 5 piores etapas, 500km aproximadamente com mais de d+9000m acumulado.

Stage 6, XCO. 4 voltas de 8km. Neste eu senti realmente muito calor, completei duas voltas podendo entrar para 3ª, mas resolvi parar sabendo já da vantagem diante da próxima dupla e da diferença da anterior. No momento da segunda volta minha pressão baixou pelo calor sufocante e até acreditei que eu desmaiaria. Novamente muitas pessoas passando mal e tomando soro. Durou 1h 05 e me bastou.

Para encerrar a 7 etapa, nada mais comum que depois do calor sufocante, chover cântaros. Essa etapa era basicamente toda em trilhas da mata e embaixo de chuva, foi para fechar com chave de ouro. Para definitivamente terminar de destruir os componentes da bike rsrs, se divertir na lama e comprar alguns terrenos nas raízes e folhas molhadas.

Qual a sensação do final? Não sei explicar, mas Ada nem sabia que eu chorava nos últimos quilômetros, chorava não de dor, não de prazer. Chorava, pois pensei em meus pais, e como eles estariam felizes e orgulhosos, mas de repente bateu um vazio. Parecia que tudo tinha mudado para mim, nada mais seria o mesmo. Algum amadurecimento, alguma introspecção que eu vivi durante 7 dias. A gente deseja um abraço caloroso naquela hora, abraço que Ada uma quase mãe me deu. Só agradecer essa oportunidade, de estar junto de tanta gente se movendo pelo mesmo amor. Tem troféu melhor?

5 meses de pós-operatório = Serra do Corvo Branco + Espraiado + Rio do Rastro

Chegamos ao mês 5, e estamos já pedalando de Speed, MTB, correndo em trilhas e tudo com altimetria!! Como chegamos até aqui?! MUITA dedicação e principalmente com muito amor!
Meu treinador às vezes fala que o segredo é o mindset! A cabeça manda bastante certo? Mas seguir o treinamento, as orientações de médicos e ter um ótimo fisioterapeuta também! E descobri que quando amamos aquilo que fazemos, tudo contribui! Parece um empurrão importante!
Eu estava sendo liberada para iniciar os treinamentos, mas então surgiu o COVID, e o isolamento, e as academias fecharam, e os treinamentos ficaram a distância, mas nem assim eu deixei de montar uma clínica de fisioterapia dentro do meu apartamento, e seguir a risca os treinamentos, ou pedalar no meu pedal virtual ou ter que me deslocar para bem longe da cidade para poder pedalar ou correr isolada. Eu não sei se toda essa trabalheira me motivou mais ainda, o objetivo diário era dedicar no mínimo 1h por dia ao joelho com a fisioterapia, além dos exercícios aeróbicos. Na primeira vez que operei, em 2012, eu passei por um momento bem depressivo, e quando ocorreu novamente, imaginei todo aquele momento traumático novamente surgindo na minha vida, mas por alguma razão, eu enfrentei esse momento de maneira diferente, e foi uma bela aula, um belo ensinamento de vida. Ver a dificuldade de um diferente ângulo, foi essencial, foi necessário explorar o lado positivo disso tudo. Eu até agradeço por ter acontecido da forma que aconteceu, e neste atual momento que estamos enfrentando.
Retornei ao trabalho, após os meses de afastamento e a empresa me deu 10 dias de férias agora nesta última semana. Eu pensei em uma única coisa, ir ao lugar que eu acredito ser o mais abençoado para a prática de esportes e poder assim “testar” meu novo joelho. Coloquei ambas bicicletas no carro, Speed e MTB, e parti para Urubici em SC.
No primeiro dia, pedalamos até a borda do cânion Laranjeiras com a MTB, e direito a uma bela caminhada…no segundo dia subimos com a MTB até o cânion Espraiado, no terceiro dia subimos o Corvo Branco em Speed, e no último dia subimos com a Speed a Serra do Rio do Rastro. Somamos mais de 3500 m acumulados em 100 km percorridos. Pensa na alegria da ex-perneta! Realizada! Por uma sorte divina, os dias foram perfeitos, ótima temperatura e tempo sempre aberto, abençoada!

Importante salientar que o treinamento foi gradual, até o ganho de massa para estar apta a encarar estas subidas. Tivemos bastante trabalho de reforço, bem como exercício pliométricos, além de muito treino de bike até agregar as subidas. A bicicleta foi um maravilhoso esporte que veio para minha vida, pois além de perfeito para minha recuperação, já faz parte da minha rotina de treinos e vem disputando a agenda arduamente com a corrida. Mas sem pressão amigos, por hora ambos esportes tem me feito feliz!

Após isso tudo, eu acredito ter voltado bem mais forte!

Recuperação de LCA #1 – Pré-operatório e 20 primeiros dias

Lesões, todos nós atletas estamos fadados, infelizmente existem pausas longas, principalmente quando requerem operações. A operação de ligamento cruzado anterior (LCA) é uma operação traumática, mas que faz parte do processo.

O assunto será longo, portanto mensalmente estarei atualizando este report.

Eu já tinha realizado há oito anos atrás uma operação de LCA, porém retornei antes do tempo e meu joelho ficou com certa frouxidão em toda cápsula ligamentar, com o qual levei por muitos quilômetros durante estes últimos anos. Em maio realizei a Patagônia Run 110 km, e devido a alguns problemas familiares, meu treinamento foi um pouco escasso, ao terminar a prova percebi que meu joelho estava bem mais frouxo. Investi na bicicleta para um reforço muscular, e por outro acaso do destino, caí da bicicleta e o joelho terminou seu serviço. Em outubro o médico me pediu três meses sem corrida, devido ao edema ósseo causado pela queda, bem como certo problema nos meniscos, mas que em um mês poderia retornar ao reforço junto da bicicleta e iniciar um pré-operatório. Passado três meses, voltei a correr para “testar”, como ele tinha me orientado. Era possível correr, mas não como antes, não por diversos quilômetros, e se limitar aos 30 anos de idade seria injusto para mim, portanto recorri para a intervenção cirúrgica do joelho.

O pré-operatório foi ótimo, entrei na cirurgia sem edemas, com reforço muscular e com um nível atlético ótimo, o que vem trazendo muitos benefícios agora.

Após a cirurgia, passei sete dias com um CPM no auxílio da mobilidade, em uma semana já conseguia flexionar em ate 90° o joelho. Aluguei por 14 dias o Game Ready, um aparelho de gelo e compressão, que auxiliou muito, no processo.

Para quem não conhece o Game Ready, é um novo sistema de recuperação, indicado principalmente para pós-cirúrgicas, com ação dupla, une a compressão ativa a crioterapia, usada já por jogadores como Messi e Neymar. Após a cirurgia o dano tecidual, alarma o sistema nervoso que entra em modo de defesa. Inflamação e inchaço são realmente bons apos a lesão, pois faz parte do processo cicatricial, porém ocorrem níveis altos de dor, falta de mobilidade além de espasmos musculares que protegem a lesão. O Game Ready, auxilia com esses sintomas e levam as pessoas a retornarem ao normal mais rapidamente. Agradecimento especial ao João Arthur, representante do Game Ready no sul, que me auxiliou na utilização do equipamento.

Em duas semanas, o benefício era tanto que fui liberada com apoio parcial, sem muito inchaço. Caminhar com apoio parcial da muleta tem sido muito bom.

Após a retirada dos pontos, iniciei os exercícios dentro da piscina, e a partir do 17 dia, consegui iniciar a natação, apenas com o trabalho de membros superiores, utilizando uma boia de pernas e um thera band para evitar movimento das pernas (pois pernadas ainda não são liberadas). No 20 dia realizei

canoagem. Alegria por essa evolução! Resolvi escrever este texto, pois muitas pessoas que me vem, relatam suas lesões, históricos e necessidades cirúrgicas, sem coragem muitas vezes de realizá-los devido ao processo traumático. Queria demonstrar que quando a gente luta e tem vontade, tudo fica muito melhor, e tem sido uma luta pessoal bonita amigos. O que é importante ressaltar é que cada corpo responde de uma forma diferente, talvez eu esteja sendo bastante batalhadora, porque às vezes tanto o médico como o fisioterapeuta me puxam as orelhas para ter muito cuidado, quem me conhece sabe como sou, e o trabalho pré-operatório bem como um corpo acostumado com a alta performance, tem feito muita diferença.

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Depressão e endurance – parceiros de longa jornada?

Falar de depressão é ainda muito polêmico e raramente comentado. Talvez seja uma doença ainda incompreensível. Mas por que a depressão ainda é tabu?

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A depressão é uma condição médica grave que muitas vezes não é reconhecida e tratada. É algo que as pessoas de todas as áreas da vida sucumbem, causada muitas vezes por um desequilíbrio químico no cérebro ou pelo ambiente com alguma combinação desagradável. Porém, o exercício aeróbio pode ser uma atividade efetiva para reduzir e administrar os seus sintomas.

Ainda assim, existem muitos atletas de endurance que já abriram o jogo falando sobre tal fator, e eu sou mais uma desta lista. Iniciei a corrida como modo de escape aos 16 anos. E é incrível falar, mas eu já corro para desopilar há tanto tempo que mal percebo como os anos passaram! Aprendi seguindo algumas fases.

-Aceitação

A fim de curar a depressão, o primeiro passo está na aceitação. A pessoa que está doente precisa criar forças para realizar novas atividades que tirem o foco de seus pensamentos do desânimo e da tristeza que parecem tomá-la por inteiro.

-Aprender a escutar o corpo e a mente.

Dentre essas mudanças, a inserção de atividades físicas é significativa. Além de proporcionar saúde ao organismo, proporciona também bem-estar e motivação.

Estudos mostram que a atividade física pode desencadear a formação de novos neurônios no cérebro, trazendo renovação das células e melhor desenvolvimento psíquico.

-Nossa mente: pior inimigo, melhor parceiro.

Então você trabalha o corpo, a mente descansa. Nos melhores momentos da nossa corrida, podemos entrar no estado de fluxo, estado emocional positivo caracterizado por termos uma atenção total na atividade que estamos realizando, na qual nada mais importa, mantendo um grau de concentração absoluta. Assim, neste estado, parece que temos o controle sobre o nosso destino, sentindo uma grande satisfação, já que a experiência é, por si só, prazerosa. Nossa autoconsciência diminui e entramos em equilíbrio com nosso desafio. Ao atingir o fluxo, podemos ir além e sempre, o problema é nos mantermos neste estado. Após alguns percalços, do contrário, podemos entrar no estado, então, contrário a ele. Ocorrendo a intrusão inesperada e angustiante de alguns pensamentos/sentimentos negativos e perturbadores.

Para isso, pode ser muito útil pensarmos na metáfora de nós mesmos como um motorista de um carro**. É extremamente importante para a nossa saúde e bem-estar que consigamos nos focar na condução da nossa vida na direção certa. O “caminho certo” é determinado pelos nossos valores, por aquilo que realmente importa para nós. Os nossos valores são a bússola de orientação que precisamos para nos guiar. Siga aquilo que quer, mesmo que por vezes esteja pensando e sentindo de forma oposta. Oriente-se pela sua consciência. Sempre que os seus pensamentos e sentimentos não estejam em concordância, analise-os. Portamos, juntamente ao dirigir, passageiros, muitas vezes incontroláveis. Os passageiros são os nossos pensamentos e sentimentos. Às vezes eles podem ser um incômodo, mas muitas vezes servem de melhor estratégia. Alguns dos passageiros que todos nós temos, por vezes nas nossas mentes, são ansiedademedodepressão, raiva e preocupação. A nossa tarefa é escutar o ruído da mente e deixar fluir. Portanto, a nossa tarefa é perceber que o ruído mental (pensamentos e sentimentos negativos) são uma parte normal da condição humana. Esses pensamentos e sentimentos são os passageiros desordeiros, pejorativos e com diferentes percepções do caminho a tomar. Mesmo com esse barulho atrás de nós, devemos seguir o roteiro, pelos percursos que conscientemente traçamos. Devemos focar a nossa atenção plena no que importa, ou seja, nos nossos valores e nas tarefas que nos propusemos. Embora a melhor estratégia geralmente seja simplesmente ignorar as mensagens dos passageiros e continuar fazendo a condução, às vezes pode ser útil ouvir e responder à mensagem.

** Por Miguel Lucas em Psicologia Positiva

-O que passa pela minha mente durante tantas horas e tantos quilômetros.

Quem não se questiona do por que estou fazendo isso (de novo)? Passam-se horas, onde encaramos todas situações possíveis. Nas provas de montanhas costumo passar por todas sensações térmicas possíveis, desde o calor ao frio extremo (com chuva). No La Mision respirei cinzas vulcânicas já e administrei de maneira errada a minha hidratação. No Half Mision delirei. E sempre que concluo eu penso que jamais repetirei. Então vem a sensação de superação, de que atingi o meu melhor, e volta a vontade de poder fazer melhor ainda. Pois, no fim é sempre história para contar, e não há nada que substitua experiências de vida.

-Dificil relação com cansaço pós-endurance.

É a condição de síndrome pós prova. O sentimento de “estar para baixo” tende a acontecer aos atletas depois de completarem uma grande competição. Também pode ocorrer a um atleta excessivamente cansado. Ocorre também em atletas que buscam neuroticamente por uma competição contínua de alto nível ou grande volume.

Os esportes de resistência, como a maratona, o triathlon, o ciclismo e o ultra trail, tendem a atrair personalidades de tipo A. Estas tendem a ser orientadas para altos objetivos, competitivas, empreendedoras. Embora nem todos, que façam esses esportes, encaixam-se nessa personalidade, muitos ainda possuem algumas tendências deste tipo. Assim, completam o objetivo em uma grande competição, e depois de aproveitarem da glória, já sentem a compulsão de encontrar outro objetivo desafiador para se testar novamente, para encontrar mais validação. Isso acontece mesmo com muitos eventos de vida não-esportiva, como se formar na faculdade, ter um filho ou passar em um concurso. Embora não seja inteiramente saudável buscar outro objetivo, é problemático quando não se tem tempo suficiente para a recuperação.

Outro aspecto que leva a um sentimento de depressão após uma prova de endurance é a grande quantidade de tempo livre que se tem enquanto se recupera. Parece ridículo pensar que qualquer pessoa que estivesse gastando 10 ou mais horas treinando a cada semana seria estressada por ter mais tempo livre disponível. Todo atleta acha que eles estarão tão felizes em se divertir por algumas semanas. No entanto, a realidade é que nos aborrecemos. Os atletas de resistência costumam estar em movimento e de repente eles estão sentados.

A presença de dopamina aumenta a sensação de motivação. Quando a dopamina sai do sistema, como quando a atividade de resistência acabou, esta nos traz uma sensação de humor deprimido. Outro ângulo é que o corpo anseia a sensação de euforia e motivação associada à presença de dopamina; então, quando esse sentimento desaparece, o corpo busca novamente a atividade para liberar a dopamina.

-Aceitando maior risco e saindo da minha zona de conforto.

A mágica só acontece de verdade, quando saímos de nossa zona de conforto. Exige coragem e determinação, pois é significado de mudança. Vai doer, vai ter sacrifício, vai ter dedicação, mas o retorno nos completa. Lembre-se que o contato com as trilhas modifica nossa rotina, nos transportam para outros lugares, onde a natureza nos equilibra por completo. Portanto, às vezes sair da zona de conforto e aceitar o risco também pode significar uma melhor condição de vida, onde o tempo acaba nos levando ao crescimento e descoberta. E não se esqueça de que o seu maior concorrente é você mesmo.

  • Eficácia: muitos estudos e experiências pessoais mostram que funciona se exercitar (mesmo em termos de modalidades menores)
  • Ação rápida e pode ser combinada com outras terapias
  • Os efeitos colaterais são realmente bons
  • Observe que o exercício não substitui os cuidados médicos, e deve ser combinado com o mesmo.
  • Mecanismo de enfrentamento saudável
  • Pode ser social ou feito sozinho
  • Pode ajudar com o sono
  • Ajuda com habilidades de gerenciamento de tempo / acrescenta estrutura ao seu dia
  • Incentiva vínculos em grupos
  • Muitas vezes, encontramos outras pessoas com histórias semelhantes
  • Grande proporção de tempo gasto para fitness obtido
  • Exploração / beleza / viagem

 

Defina metas realistas e realizáveis.

  • Explore uma nova trilha uma vez por mês
  • Vá para as corridas para encontrar os amigos, ou para conhecer (já possuo um network com outras partes do Brasil e fora inclusive, apenas por ter conhecido em diferentes eventos).
  • Reconhecer a mudança dos níveis de motivação com as mudanças de humor

Tecnologia de Proteção MIPS e ANGi

Ninguém gosta de cair ou de se perder, mas se isso acontecer você deverá estar ciente em estar protegido. Essa é a razão por trás dos novos recursos tecnológicos que a Specialized incorporou em alguns de seus capacetes. Proporcionar a devida segurança e proteção aos seus usuários.

Com novos recursos há a implantação mais ampla do MIPS (sistema de proteção multidirecional de impacto), desenvolvido por neurocirurgiões e cientistas para minimizar as lesões ao cérebro. Trata-se de lâmina de material plástico de baixa fricção entre o casco e o forro que vai em contato com a cabeça, que agora estará disponível em muitos capacetes, incluindo uma nova versão específica do MIPS e um novo sistema de detecção de colisões e rastramento chamado ANGi.

Novo MIPS

O MIPS é uma tecnologia desenvolvida para ajudar a reduzir o efeito das forças rotacionais na cabeça e no cérebro em caso haja colisão, estes que podem ser tão prejudiciais quanto os golpes diretos.

É efetivamente uma camada de baixa fricção no capacete, formando uma interface entre sua cabeça e o capacete. No caso de uma colisão, essa camada absorverá parte dessa força rotacional.

A Specialized comprometeu-se em fornecer opções com MIPS em todos os modelos dentro de suas faixas de capacete para 2019.

Embora o desempenho e a segurança permaneçam os mesmos, o design do MIPS em si não é universal. Existem diferentes modelos adaptados a diferentes modelos de capacetes, como o MIPS C-Series para o capacete de estrada Propero 3.

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A tecnologia MIPS também já equipa capacetes para outros esportes como esqui, snowboard, canoagem e outras modalidades que exijam proteção na cabeça.

Já o MIPS SL, que a Specialized trabalhou com os próprios criadores do MIPS estará disponível para capacetes especializados e foi projetado para fornecer o mesmo nível de proteção que você espera de um capacete com revestimento MIPS, além de permitir o fluxo de ar máximo e um peso mais leve. Estará disponível nos capacetes S-Works.

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Apresentando o sensor de detecção de colisão ANGi

ANGi significa Angular e indicador de força G e é um sensor montado no capacete com acelerômetro e giroscópio.

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Isso significa que, no caso de desaceleração súbita e/ou rotação – o tipo de força que sua cabeça provavelmente experimenta em um acidente – o dispositivo conectará sem fio via Bluetooth a um aplicativo pareado em seu smartphone, emitirá um alarme e acionará uma contagem regressiva (determinada por você).

Se você está bem, irá parar a contagem regressiva. Caso você não responda, o aplicativo presumirá que você esteve em um incidente e poderá precisar de ajuda. Por isso, enviará uma mensagem de emergência para os contatos pré-programados no aplicativo, juntamente com as coordenadas da sua localização.

Caso seja provável que você esteja em uma área com pouca ou nenhuma recepção telefônica, o que é necessário para a funcionalidade completa, ainda há um recurso de segurança que você poderá implantar. Se você definir um tempo de viagem estimado antes de partir, enquanto tiver sinal e não conseguir completar o percurso dentro desse prazo, a ANGi notificará seus contatos sobre seu último local conhecido.

Há também uma função de rastreamento ao vivo, para que seus contatos possam monitorar onde você está a qualquer momento, se você quiser.

A duração da contagem regressiva é definida pelo usuário para quaisquer incrementos de 15 segundos, de 15 segundos a 90 segundos. Outros dispositivos habilitados para Bluetooth, como monitores de frequência cardíaca, poderão ser usados ao mesmo tempo em que o ANGi.

O sensor também tem uma classificação à prova d’água ou IPx7, portanto, é resistente à água por até 30 minutos quando imerso em até 1m de profundidade e é alimentado por baterias CF2032.

ANGi versus Garmin

A Garmin também possui um sistema de detecção de incidentes integrado em vários dispositivos. O sistema Garmin usa um acelerômetro, mas a Specialized diz que o movimento de início de parada de pedalada regular pode acionar alarmes falsos, assim como um impacto em que o motociclista não é afetado.

A Specialized sugere que a combinação de acelerômetro mais giroscópio no ANGi, combinada com o fato de estar na cabeça do piloto, significa que é mais provável, identificar corretamente acidentes perigosos e menos probabilidade de acionar alarmes falsos.

Para que o ANGi funcione, você deve fazer o download e ativar o App Ride, que pode ser encontrado na Apple Store e no Google Play. Você pode usar mais de um sensor ou capacete com a mesma assinatura, mas só é possível conectar um capacete ao aplicativo por vez. Para ativar seu sensor ANGi, vá até o guia “Gear” no aplicativo Ride e insira o código de ativação. O código de ativação é um código alfanumérico de 9 dígitos incluído no manual do capacete ou sensor. Todos os capacetes Specialized equipados com o sensor ANGi possuem um código de ativação única. Não tem data de expiração, mas não são transferíveis. Isso significa que, se você quiser emparelhar um dispositivo a um telefone diferente, o novo proprietário precisará comprar um novo código de ativação.

Specialized diz que o Ride App é mais do que o ANGi e planeja adicionar recursos adicionais para desenvolver uma comunidade de pilotos no futuro.

Você também pode emparelhar o App Ride com o Strava, por isso, ele fará o upload do seu percurso assim que você terminar de girar.

Para corredores de aventura, e de montanhas. O ANGi pode ser utilizado como um sensor de rastreamento e é também vendido separadamente.

 

Ficou curioso? Dá uma conferida no vídeo da Spz

https://m.youtube.com/watch?v=HV8eHpx3Kvo#

Montanha vs. Serviço de celular

Você está prestes a sair em uma viagem ao ar livre por três dias ou mais: um acampamento, uma prova de aventura, uma corrida de 100 quilômetros ou mais, isolado do mundo e do espaço. Você juntou todas as suas coisas e tem certeza de que tem tudo o que precisa. Se não, você terá que viver sem isso. Você programou seu e-mail do escritório, trancou a porta de sua casa e fez uma última parada para comprar um pouco de comida extra. Você está pronto. Será?

Você verifica seu telefone sabendo que irá perder o serviço de celular. Só para ver se há alguma última coisa importante. Apenas no caso de não poder esperar mais 72 horas. Em seguida, você verifica alguns aplicativos de mídia social para ver o que está acontecendo antes de entrar na escuridão dos dados. Quer dizer, vai ser bom ficar longe do seu telefone, e-mail, mensagens de texto, a notícia de que o mundo está se tornando um lugar terrível, as opiniões das pessoas, que não tem sido boas, notificação que seus amigos ou familiares estão mandando sobre algo que poderia ser muito importante, mas definitivamente não é. Vai ser bom voltar para a natureza e ficar longe de tudo isso por alguns dias. Mas talvez você deva verificar tudo (mais uma vez), só para ser neurótico.

Em algum momento, você perde o serviço de celular e coloca seu telefone no modo avião, e ele se transforma em nada além de uma câmera, (ou tocador de música). Você se sente estranho por algumas horas, sentindo que falta algo, mas sabe que terá que aprender a conviver com isso.

E depois de um dia, caminhando, correndo ou boiando em um rio, você para de pensar no seu telefone. Você aprende que o que está na sua frente é muito melhor. Você não se importa com as dezenas de fotos e centenas de palavras que você normalmente mal processa. O mundo pode descobrir porque você não está disponível. Incluindo seu chefe. Especialmente seu chefe. Impossível resolver um problema de engenharia no meio de civilizações remotas, admita. Lembro-me até hoje de um antigo chefe me telefonando no dia 31/12, enquanto eu tinha recém chego à Machu Picchu, após 4 dias a esmo, sem nem sequer ter tomado um banho durante a trilha, querendo que eu resolvesse um problema de obra…sem noção.

Você pode se indagar sobre a necessidade de todos esses aplicativos de mídia social. Dane-se, talvez você possa apenas viver aqui, no meio do nada! Você vai mudar sua vida. Talvez você escreva um livro sobre sua experiência, ou se torne um fotógrafo de vida selvagem. Seria maravilhoso, ou não. E simplesmente olha para as montanhas e reflete sobre o fato de que as mídias sociais não precisam te privar de viver em sociedade, é apenas saber sair da tela com mais frequência, e viver a vida na medida correta, dosando dados com convivência social e curtindo seu fim de semana na trilha com os amigos. Devemos aprender a viver mais em equilíbrio, sabendo dar importância aos valores que valem, desintoxicar do vício e da dependência da vida alheia. Viva mais.

Baseado no semi-rad e na vida real.

Review Meias Sigvaris UP

Quando a Sigvaris entrou em contato comigo provavelmente não imaginava que eu teria uma predisposição genética bem alta a problemas vasculares. Onde atualmente minha mãe vem tratando uma úlcera venosa e meu pai possui um histórico alto de varizes e operações para retirada de safenas. Parece até apelativo, mas definitivamente minha predisposição genética é bem alta. Seguidamente eu vinha sentido muita coceira nos pés, assim como eles inchados sempre após minhas competições.

A Sigvaris vem, não apenas para evitar varizes, e não por questão estética para prevenir estas. As meias trabalham massageando os músculos e os vasos sanguíneos das pernas e facilitando o retorno do sangue, carregando o sangue de volta para o coração e pulmões. Durante cada passo, os músculos comprimem as veias localizadas na panturrilha, permitindo assim que o sangue venoso volte para o coração. Basicamente, sua panturilha é chamada de “segundo coração” – repleto de veias e músculos que supostamente empurram o sangue desoxigenado de volta. O sangue transita das pernas para o coração se sobrepondo à gravidade. A ação da bomba é principalmente feita pela movimentação dos pés e tornozelos. Durante cada passo, os músculos comprimem as veias localizadas na panturrilha, permitindo assim que o sangue venoso volte.

As meias de compressão funcionam portanto para empurrá-lo de volta para onde o sangue precisa estar. Contudo, existem dois tipos de compressão. Uma delas é a compressão regular, que é igualmente comprimida até o fundo – basicamente como um tubo. Isso pode ser perigoso porque o sangue pode ficar preso abaixo de onde ele precisa ir. Quando você usa a compressão graduada (SIGVARIS é uma das poucas marcas que oferece isso), ela é 100% comprimida no tornozelo e diminui à medida que se move para cima. Fazendo com que o movimento do sangue seja direcional para onde deva ser.

Estive testando ambas meias SIGVARIS para esportes. Qual a diferença delas? UP17 e UP25 possuem diferença na compressão, sendo a UP17 (de 15-20mmHg) recomendada para recuperação muscular auxiliando na redução do ácido lático e esportes de baixa intensidade, e a UP25 (20mm-30mmHg) para esportes de média e alta intensidade. A composição das meias atléticas são em 64% de poliamida, 17% poliéster e 19% de elastano, livres de látex.

Meias de recuperação Ultrapressure UP17 é um mercado ligeiramente diferente e não tão popular. Sigvaris projeta estas meias especificamente para melhorar e acelerar o tempo de recuperação, ajudando a eliminar o acúmulo de ácido láctico nos músculos das pernas, bem como aliviar a dor muscular induzida pelo exercício, além de estimular a circulação e o fornecimento de oxigênio para os músculos .

Já as meias Ultrapressure UP25, foram desenvolvidas para atuarem como um músculo extra, comprimindo suavemente as paredes das veias e melhorando a circulação. A UP25 diminui a vibração muscular através da contenção e alinhamento das fibras musculares além de melhorar a propriocepção.

São realmente confortáveis, e eu tenho usado sempre à noite a UP17 de recuperação. Descobri que minhas panturrilhas melhoram rapidamente. Já as meias de treinamento, testei em esportes de corrida de montanha e ciclismo. Em ambas tive um resultado positivo, e senti um conforto invés de uma sensação de claustrofobia que outras meias já haviam me direcionado. Eu tinha uma certa resistência, mas percebi que apenas não tinha encontrado a meia certa.

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As meias Sigvaris são feitas sob medidas, e existem tamanhos específicos conforme circunferência da panturrilha.

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Caso você possua problemas, não deixe de consultar um médico vascular, meias não são tratamento ou solução de problemas já existentes, e sim prevenção.

A SIGVARIS possui uma politica de garantia e comprovação.

Insanity Mountain – SkyRunning

Quando recebi o convite para realizar o Insanity Mountain eu não havia me dado por conta que seria uma semana depois da Patagonia Run, mesmo assim resolvi tentar testar como meu corpo estaria pós prova. Porém, durante os meses de fevereiro e março tive problemas de saúde na família, o que me impossibilitou de treinar como eu queria. No fim, não sabia nem se eu iria realizar a Patagonia Run. Então fui conversar e desabafar com o amigo Emílio, diretor técnico da prova, quem honroso me convidou, e ele me disse: venha conhecer e se divertir, sem compromisso. Aquilo foi suficiente para eu respirar fundo e pensar que seria uma ótima oportunidade para eu me divertir. O que eu não sabia é que a prova não seriam flores perfumadas, mais fácil definir como uma roseira cheia de espinhos.

Insanity é uma prova cruel, definitivamente. 33K com 3.000m positivos, média de 9%, classe 9 de montanha. Desconheço outra assim no Brasil. A prova iniciou às 5h30 da manhã, e já na largada havia um clima muito bom de amizades e descontração. Ao largar, o sol começou a nascer, e se via raios laranjas com uma super lua cheia iluminada. Iniciamos pela trilha da Preguiça, subindo em 3km, 400 metros. Descemos novamente para subirmos então a Trilha Norte, com 3,5km e 700 metros. O pico estava no quilômetro 9, e você já chegava escangalhado lá em cima, seu acesso era com cordas e alguns grampos, eu estava sem luva e resolvi me agarrar em uma corda de aço que rasgou toda minha mão. Fora as pernas que sangravam por eu me rastejar pelas lajes de pedras, sobrou uma Raïssa destruída.

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Do topo, voltamos para a trilha do Ombro para descermos em direção a segunda ascensão, Pico 3 Marias. No congresso técnico nos orientaram sobre existência de muitos mosquitos e marimbondos pela trilha, na descida eu imaginava os marimbondos muito ouriçados pela passagem das pessoas, pois escutava um barulho muito forte, e tomando todo cuidado possível, percebi que o que eu imaginava ser os marimbondos, era apenas um drone!

O corte nas 3 Marias seria com 4 horas de prova, quilômetro 14, e eu olhando meu relógio, tempo apertado, comecei a me preocupar com o horário, percebi que notavelmente ou seria cortada, ou seria a última a passar por ele. Dito e feito. Quando cheguei ao cume eram cravadas 4 horas. Mas, então me falaram que o corte seria no retorno, então suspirei e disse, O.K. estou cortada, mesmo sendo o 14 no pico. Os staffs disseram que era para continuar. Carimbaram meu número disseram para eu retornar que em 3 minutos estaria lá, quase não deu tempo de admirar aquela beleza!

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Voltei às pressas e às 4h03 o Emilio disse que eu passaria, mas que o corte dos 21km seria extremamente pontual, e que provável eu não chegaria lá a tempo. Eu sorri e falei, vim me divertir e te disse que eu seria a Exu fecha trilha.

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Em caminho ao Monitumba, continuavam as trilhas sempre muito técnicas, como todas da prova, fechadas, com muita vegetação, rochas, pedras soltas, cobertor de folhas, muitos mosquitos, formigas maiores que eu.

O que mais gostei foi que naquele calor absurdo, não parávamos de passar por córregos e cachoeiras, realmente prazeroso. Outro fator da prova era a autossuficiência, então não haviam PCs. A água era coletada deste córregos, e a comida eram portadas pelo corredor, bem como kit obrigatório, incluindo kit primeiros socorros.

Passando Monimtuba, iniciou a última rampa antes do próximo corte, dos 21km. Estava muito próximo ao horário, e o que vinha pela frente eram 2km em uma inclinação de 25%, quase 500m, em uma trilha bem técnica! Eu levei 37 minutos só para essa subida, então meu tempo estourou. Cheguei no topo com as 5h30 limite e ainda tinham os 2km de descida até o gazebo.

Ali comigo haviam mais dois corredores, uma menina e um carioca que já havia feito no ano anterior, descemos tranquilamente conversando sobre a dificuldade da prova. Uma prova com um nível técnico alto, que exige um ótimo preparo físico, chegar quebrada como cheguei ou despreparada é sinônimo de corte. Confesso que eu estava bem satisfeita, nas condições que eu me encontrava, pois imaginei que abandonaria no km14 mesmo. Avistando o gazebo no pasto o staff grita “você foi cortado” abrindo uma Heineken gelada. Melhor corte da terra.  Resumo da Insanity. Amizades, diversão, visual mais lindo que já vi, cerveja boa, trilhas desafiadoras, desafio pessoal, muita risada e a vontade de retornar!

10ª Patagonia Run – Relato 110km

Nos dias 12 e 13 de abril de 2019, foi realizada a 10ª edição da prova Patagonia Run, atingindo a meta de 4.000 corredores! Um grande feito para o Trail Sul Americano. A prova das 100 milhas participou do campeonato mundial do World Tour, e eu estive presente correndo os 110km.

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Posso dizer que foi uma das melhores provas que já participei. Muito bem organizada. Tanto os kits como as camisetas, perfeito. Como chegamos cedo, nossa acreditação foi rápida, conferimos o chip, coletamos a camiseta e fizemos a foto “regalo”. San Martin de los Andes (SMA) é uma cidadezinha charmosa, pequena e acolhedora, principalmente pelo povo local. A comunidade demonstrava alegria pelo evento, e respondia aos corredores com um carinho extremo. Nosso voo veio por Bariloche o que proporcionou um passeio pelos 7 lagos até SMA passando por cidades como Villa La Angostura.

A largada dos 110km ocorreu as 19h30, anoitecendo, sob os pingos de uma leve garoa. O ambiente da largada era militar, então havia um abrigo com alimentos e bebidas antes da largada, e era coberto para quem quisesse se proteger. As próprias trilhas eram dentro deste ambiente militar guarnecido com muitos staffs mlitares.

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Largamos ao som de Welcome to the Jungle, no frio, onde rapidamente a chuva se dispersou, mas o vento surgiu intenso. Passei batido pelo primeiro PC, mas quando cheguei ao km22 no PC de Portezuelo, o primeiro Staff já gritou: MISSIONEIRA! Fiquei impressionada como as pessoas me reconheciam e continuaram me conhecendo durante toda a prova, a todo instante alguém gritava algo para mim, como se fossem amigos de anos. Continuei a subida para o Colorado e logo terminou o bosque e no topo da montanha deserta o vento rasgava forte, já tínhamos corrido 30km e subido 2.000m, o jeito era não parar para manter o calor do corpo…despencando Colorado abaixo no escuro, com muita areia, o cuidado era extremo com as descidas íngremes onde haviam muitas raízes, prontas para pregar uma peça. Km34 PC base do Colorado busquei a bolsa pela primeira vez, tinha até um vestiário feminino para a troca de roupas (primeira vez que ganho uma privacidade do gênero), fiz a primeira troca completa, estava completamente molhada e as duas próximas montanhas viriam, e ficar seca era necessário já que nos próximos 18 km acumulariam mais 1.700m, frio, vento e tudo que tínhamos direito.

Acredite, toda essa altimetria ainda na madrugada.

Subindo os Cerros comecei a fazer muitas amizades, um argentino me ensinou como subir de uma forma mais técnica o Quilanlahue que era extremamente íngreme com muita areia fofa, a cada dois passos que dávamos, regressávamos um… então ali ele me ensinou a enterrar o pé para não continuar deslizando, continuei cruzando pelo 123 até o final da prova!

Tanto no cume do Cerro Colorado, como no Cerro Quilanlahue o céu parecia gritar para ser observado, então por um momento parei e admirei, estava totalmente limpo (até impressionante para a chuva que caía fazia pouco). Um céu absurdamente estrelado, a lua em quarto crescente iluminava as trilhas, até o planeta de Mercúrio podia ser visto, era uma bola cor coral, maior e diferente das estrelas.

Descendo para o PAS Lago, contornamos a borda oposta do Lago Lacar, amanhecia para mim, e o amanhecer ao longo do lago me proporcionou uma visão lindíssima, pela primeira vez eu via fotógrafos.

image1Foto: Diego Costantini

Até o km 70, eu estava desenvolvendo muito bem, até que senti, já com quase 5.000m acumulados, as pernas travaram. Fiz a última troca completa de roupas no PC Quechuquina e continuei minha jornada caminhando, percebi ali que meu bastão tinha quebrado e o jeito foi se poupar. A esta altura todos gritavam, vamos Brasileña! E cada vez que eu resolvia caminhar, aparecia mais um: Vamos Brasileña. Juro que não tinha nada que me identificava, era apenas de eu tagarelar, que já me conheciam.

Quando comecei a subir para o PAS Mallin, garoava com o tempo aberto, uma coisa certamente engraçada, onde concluí depois ser a neve que se depositou em cima das montanhas, mas consegui ver o vulcão Lanín naquele momento, bem imponente. Outro presente de Deus. O sono já me atingia forte, e para me manter acordada eu tentava me divertir com todos, foi quando eu cheguei no melhor PAS! O PAS del Mallín! Eu estava decidida que não iria parar alí, mas foi engraçadíssimo quando cheguei e escutei Armandinho (kkk), apenas cheguei e disse “AH NÃO! ARMANDINHO NÃO!”, nem os brasileiros sabiam quem era o bendito Armandinho, mas pronto começou a festa, todos super bem humorados, nem deu tempo de respirar que eles começaram a cantar e dançar, brincavam sempre. Quando vi já tinham enchido minhas garrafas e trazido empanadas quentes, resolvi sentar e tagarelar mais um pouco para acordar. Sem exceção, todos os PCs sempre com apoios e staffs maravilhosos! Fico impressionada com a boa vontade que estas pessoas tem em receber um bando de maluco que já está colando as placas, delirando, falando muita bobagem depois de uma madrugada em claro. Eu fico uma maluca certamente legal, mas tem uns…

No PAS Colorado comecei a cruzar por mais e mais pessoas, que vinham do 42km, uma garota que parecia conhecer muito bem o trajeto da prova, resolveu me incentivar, e permaneceu correndo comigo até o final, se juntou mais umas duas, formamos um grupo onde todas carregavam todas pelos incentivos. Espetacular! O mais perfeito dos fair-play. Nisso começou a anoitecer e eu retirei meu último par de meias, coloquei nas mãos e só ia em busca da linha de chegada. Eu mais vivi do que corri nessas 24 horas, certeza disso. Eu curti cada instante, guardei maravilhosas lembranças, interagi, troquei experiências, admirei a natureza e chorei. Chorei pela dor que vivi nos últimos meses, pelo alívio, pela saúde da minha mãe.

Fechei 110km com 6.000m positivos, em 24h50. Foi uma prova bem técnica e complicada, talvez uma das mais difíceis que eu já tenha feito.

Mas eu voltarei Patagonia Run, porque o melhor triunfo foi todo esse amor que eu recebi. Obrigada!

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A paixão pela região dos Lagos – Patagônia Argentina

Em uma semana estarei novamente me encaminhando para a região dos Lagos na Patagonia Argentina, terceira vez em um ano. Realizei duas provas La Mision no último ano, uma em San Martin de Los Andes e outra em Villa la Angostura, e agora estou indo aos 110km da Patagonia Run.

Nunca realizei esta prova, mas contará com uma edição – nas 100 milhas – do Ultra Trail World Tour, com a presença do atual campeão mundial Pau Capell.

Os principais elogios vem por conta das empanadas oferecidas nos PCs, entre vários aspectos sobre a excelente organização da prova.

Patagonia Run é realizada em San Martin de Los Andes, que conta com aeroporto próprio. Ou mesmo, três horas distante de Bariloche. A prova oferece transfer para os dois aeroportos.

Uma prova com características bem mais rápidas do que outras provas da região, Patagonia Run ocorrerá dia 12 de abril e contará com diversas distâncias. Para os 110km, altimetria positiva em 6700m acumulados, serão dois Postos de Assistência Total, com tempo total de prova em 28h30.

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O Cume é no Cerro Colorado com 1785m. E previsão de baixas temperaturas na madrugada podendo chegar a valores negativos.

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Subida no Cerro Colorado em meio às flores Amancay, flor da região.

A história da flor vem da Tribo Vuriloche, onde o filho do cacique Quintral se enamorou por uma moça cujo amor era proibido, chamada Amancay. Quando Quintral adoeceu, no topo da montanha havia uma flor que proporcionava a cura, onde Amancay foi buscar, porém lá encontrou um condor que propôs dar-lhe a flor em troca de lhe dar seu próprio coração. O condor voou para a morada dos deuses, sem perceber que gotas de sangue de Amancay espirravam o caminho, junto com as flores. De cada gota de sangue que caiu nos vales e montanhas nasceram as belas flores amarelas com gotas vermelhas que se tornaram um símbolo do amor incondicional. A partir desse dia, quem dá uma flor de Amancay lhe dá seu coração.

Eu dei meu coração para esses Cerros.

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Correrei definitivamente pelo amor que a região me dedica. Certeza que será inesquecível, como sempre é. Cada um paga as promessas como pode, esta prova é dedicada a saúde de minha mãe, pois a energia que esta região me proporciona é definitivamente dedicada dos Deuses.